Falta de espaco para um jardim? Falta de tempo pra ir na horta? Viajando?

Eh possivel se ter uma mini horta na sua pia em menos de 3 dias .

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Processo perfeito  para quem estah sem tempo nem espaco e ainda quer comer um verde confiavel.

Alem dos potes, ainda hah os potes de vidro no escorredor de loucas com as sementes pra germinar.

Seria a zona zero na permacultura.

Uma regra super importante na questao dos zoneamentos na Permacultura; eh  desenvolver bem a area que estah mais proxima. Melhor, ter um monte de brotos e ervas frescas bem cuidadas ao seu alcance do que uma  horta nunca iniciada ou nao utilizada.

Permacultura, em mais detalhes, em breve.

O que voce sabe da Permacultura?

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ERVAS “DANINHAS” COMESTÍVEIS*

Eng. Agr. Marco Antônio(Toni)Backes

M.Sc. Prof. Fac. Agronomia – UFRGS

Existem inúmeras plantas de alto valor alimentício e medicinal crescendo espontaneamente nos jardins, calçadas e terrenos baldios, mas, que por pura falta de informação, são considerados plantas invasoras (inços) e invariavelmente são capinadas. Para nos interarmos de seu uso devemos conhece-las.

ANA PRIMAVESE (1997) questiona a denominação “plantas daninhas” da seguinte forma: “São ecótipos perfeitamente adaptados às condições do solo. Portanto, são plantas indicadoras. E, quem sabe decifrar sua linguagem, não vai combatê-las sem saber por que apareceram. Assim, a ‘leiteirinha’, uma Euforbiácea, aparece na soja se faltar molibdênio. Colocando molibdênio, a soja se beneficia e a leiteirinha some. Somente aparecia por conseguir mobilizar molibdênio em um solo no qual a soja não o conseguiu mais. O ‘carneirinho’ ou carripicho-de-carneiro, uma composta, aparece especialmente em campos com plantação de feijão, indicando a deficiência de cálcio, podendo ser combatido através da calagem. O nabo bravo, uma crucífera, aparece em campos de trigo em que falta manganês e boro. Mas quando aparece papoula é sinal de que há um excesso de cálcio. A guanxuma indica solos muito compactos e um Andropogon, o rabo-de-burro, somente cresce em campos em que existe uma camada que estagna água. Todas as plantas invasoras indicam alguma coisa, mas, ao mesmo tempo corrigem-na. É através delas que a natureza recupera os solos estragados pela agricultura, Portanto, quando aparecem com muita persistência, alguma coisa está fundamentalmente errada. A natureza tem um único objetivo: garantir a continuação da vida, ou seja, recuperar o que foi arruinado, sanar o que esteve doente, eliminar o que não presta mais. Tudo tem razão.”

“E o mais interessante é que exatamente o sumo cozido de plantas invasoras é um dos maiores defensivos. Mantém a saúde das plantas, porque fornece exatamente o que está faltando e ainda as abastece com hormônios para crescimento. Também uma adubação verde com ervas nativas é um poderoso ‘remédio’ para as culturas. Fornece enzimas e substâncias nutritivas que as culturas não conseguem absorver. Cada planta possui um poder de absorção diferente e enquanto, por exemplo, em um solo ácido, a aveia consegue somente mobilizar 50 microgramas de cálcio por mililitro de seiva, a tanchagem (Plantago) consegue 1.500 m/Ca. É muito mais interessante tentar decifrar a mensagem de cada erva nativa do que combatê-la indiscriminadamente, e procurar a razão das pragas e doenças em vez de matá-las”.

A maioria destas plantas são consideradas ruderais (ver quadro abaixo), muitas delas acompanham o homem como alimento há séculos, mas perdeu-se, em determinados momentos e por diversos motivos, o uso nutricional de boa parte. Fora estas ruderais, também devemos observar uma série de plantas nativas úteis em nossa nutrição. Opções não faltam, é só força de vontade de quebrar costumes.

* As plantas em geral podem ser classificadas segundo sua origem em três grupos:

NATIVAS: originária do ecossistema em questão

EXÓTICAS: podem ser do mesmo País, mas não do Ecossistema de determinado local

RUDERAIS (ADVENTÍCIAS ou COSMOPOLITAS): ocorrem espontaneamente em diversos locais, mas não se sabe mais que região/país originou a espécie.

“Toni Backes – Paisagismo”

Tab.1 – Ervas comestíveis de ocorrências espontâneas em sítios e jardins no Sul do Brasil.

Adaptação de ZURILO & BRANDÃO (1989) e RAPOPORT et alii (1999).

Nome Comum Nome Científico Ocorrência/ Origem Uso/observação

Almeirão do campo Hypochoeris radicata Sul do Brasil

Amora-preta Rubus urticaefolius Desde MG, até o RS Frutos: geléias, tortas, licores

Azedinha/língua de vaca Rumex acetosella Sul Folhas: saladas, se cozidas: sopas, omeletes

Folhas+mel faz suco semelhante limonada

Bardana Arctium minus Todo Brasil Folhas cru ou cozidas

Beldroega Portulaca oleracea Quase todo mundo Para: engrossar caldos, sopas, molhos

Capim arroz/gervão Echinochloa cruzgali Quase todo mundo Sementes p/ farinha substituta do arroz

Cardo Carduus nutans Eurásia Talos jovens como aspargo

Cardo negro Cirsium vulgare Sul flores: alcachofras, mastigar sem espinhos

Folhas, raízes e talos jovens:

Cardo santo Sylibum marianum Eurásia Folhas, Raízes, frutos e sementes cozidos

Carurus Amaranthus spp. Todo o Brasil Refogados, molhos, saladas, pastéis

tortas, panquecas, sementes: farinhas

Chaguinha Tropaeolum majus Am. do Sul e Europa Empanados ou mistura com saladas

Chicória silvestre Chicorium intybus Sul Raízes tostadas como café e saladas

Folhas e flores: saladas

Corda de viola Ipomoea quamoclit Nativa do Brasil Folhas cozidas

Dente de leão Taraxacum officinalis Todas zonas temperadas Folhas: saladas, refogados

flores: geléias

Espérgula Spergula arvensis Europa Sementes

Fruto de pomba Phytolacca thyrsiflora Quase todo o mundo Os ramos novos cozidos como aspargos

Jambu Spilantes acmello Todos país Saladas, refogados

Juá Solanum sisymbrifolium América Os frutos: ao natural ou geléias

Língua de vaca –fl.larga Rumex obtusifolius Europa Folhas cozidas ou cruas

Lírio do brejo Hedychium coronarium Quase todo o mundo Extraí-se fécula dos rizomas, “spritzbier”

Mj Gomes/Maria Gorda Talinum sp. Todo o Brasil Refogados, pizzas, pastéis

Mastruço Coronopus didymus Todo o Brasil Omeletes, saladas e refogados

Melão São Caetano Mormodica charantis Quase todo mundo Sementes: saladas, fritas

Mostarda dos campos Sinapis arvensis Sul do Brasil / Europa Folhas e frutos cru ou cozidas

Nabo-branco/silvestre Brassica campestris Todo o Brasil Folhas consumidas como verdura

Ora-pro-nóbis Pereskia sp. Quase todo o Brasil Saladas e refogados (folhas)

Quinoa Chenopodium album Europa 1 planta= 500.000 sementes => farinha

Folhas: saladas, refogados, pastéis

Rabanete silvestre Raphanus sativus Mediterrâneo Raiz: crua ou cozida; folhas: saladas

Samambaia Pteridium aquilinum Todo o Brasil Tortas, picles (ferver antes)

Serralha Sonchus oleraceus Todo o Brasil Refogados e saladas. Talos como aspargos

Setaria (capim rabinho) Setaria spp. Todo Brasil Sementes

Taboa Typha angustipholia Todo o Brasil A parte interna e macia

dos brotos substitui o palmito

Tanchagem Plantago sp. Quase todo o mundo Bolinhas, refogados, fritas, molhos

Tiririca amarela Cyperus esculentas Todo Mundo Consome-se os tubérculos

torrados como passas, ou in natura

Tomatinho Solanum pimpinellifolium América Molhos e condimentos

Trapoeraba Tradescantia sp. Mundo inteiro Saladas cruas ou refogados

Trevo-azedo Oxalis spp. Todo o Brasil Molhos, refogados, saladas

Urtiga Urtiga urens América, Europa Sopas

Urtigão Fleurya aestuans Zona temperada Sopas e refogados

Vinagreira Hibiscus subdariffa Todo o Mundo Frutos: geléias, licores, vinhos / folhas: guisado

“Toni Backes – Paisagismo”

Tendo a tabela acima com algumas plantas e os livros do Lorenzi (2000 e 2002) tanto o de Medicinais como o de Daninhas se consegue uma precisão científica para evitar erros. Uma primeira recomendação minha é que normalmente estas plantas devem ser consumidas quando jovens ainda não iniciados os processos de florescimento, quando são menos amargas.

Abaixo colocamos uma tabela que pode nos dar pistas interessantes de quanto estas plantas são potencialmente fornecedoras de macro e micro nutrientes para enriquecimento de solos e possivelmente na nutrição humana.

TAB. – ACUMULADORES DINÂMICOS – Exemplos de plantas com alta capacidade de extração de

determinados micronutrientes do solo. Em princípio, tais plantas podem ser usadas como fonte destes nutrientes.

FAMÍLIA

NOME CIENTÍFICO

NOME POPULAR

Na

Fl

Si

S

N

Mg

Ca

K

P

Mn

Fe

Cu

Co

Asterácea

Arctium minus

carrapicho

X

Asterácea

Chamomilla recutita

camomila

X

X

X

Asterácea

Cichorium intybus

chicória

X

X

Asterácea

Senecio vulgaris

senécio

X

Asterácea

Tagetes sp.

cravo de defunto

X

Asterácea

Taraxacum vulgare

dente de leão

X

X

X

X

X

X

X

X

Boraginacea

Borago officinalis

borragem

X

X

Boraginácea

Symphytum officinale

confrei

X

X

X

X

X

X

Cariofilácea

Stellaria media

esparguta

X

X

X

Equisetaceae

Equisetum arvense

cavalinha

X

X

X

X

X

Labiada

Melissa officinalis

melissa

X

Leguminosa

Lupinus sp.

tremoço

X

X

Leguminosa

Medicago sativa

alfafa

X

X

Leguminosa

Trifolium protense

trevos

X

X

Leguminosa

Trifolium repens

trevos

X

X

Leguminosa

Trifolium sp.

trevos

X

X

Leguminosa

Medicago lupilina

trevos

X

X

Liliácea

Allium sativum

alho

X

X

X

Liliácea

Allium sp.

cebolinhas

X

X

Poligonacea

Fagopyrum esculentums

trigo sarraceno

X

Poligonácea

Rumex obtusifolias

língua de vaca

X

X

X

X

Pteridacea

Pteridium aquilinum

samambaia campo

X

X

X

X

X

X

Tifácea

Typha latifolia

taboa

X

Umbelífera

Daucus carota

cenoura

X

X

Umbelífera

Foeniculum vulgare

funcho

X

X

X

Uma das outras vantagens do consumo destas plantas, segundo Clara Brandão (informação pessoal), é:

– Não serem transgênicas;

– Não terem sofridos melhoramentos genéticos que nem sempre contempla aspectos nutritivos;

– não precisarem de adubação química e seus contaminantes;

– não precisarem de aplicações de agrotóxicos;

– não precisam de transportes de longa distância;

– muitas vezes são consumidas recém colhidas.

“Toni Backes – Paisagismo”

De qualquer forma, algumas precauções podem ser tomadas, conforme recomendações de Eduardo Rapoport, considerado um intrépido comedor da grande maioria das plantas existentes sejam exóticas ou nativas.

PLANTAS COMESTÍVEIS NÃO CULTIVADAS/ESPONTÂNEAS – COMO UTILIZÁ-LAS

RECOMENDAÇÕES ANTES DA INGESTÃO (RAPOPORT et alii, 1999)

1. Não coletar as plantas em sítios contaminados ou onde haja sinais da presença de animais domésticos. Se suspeitar que possa haver cachorros no lugar, como prevenção melhor cozinha-las. Evitar áreas com lixos ou dejetos, especialmente de lubrificantes, tintas, solvente, etc. Tratando-se do uso de plantas aquáticas averiguar de onde vem sua água. Se passarem por zonas povoadas, onde possa haver fossas vertidas ao canal, ou se atravessam grandes plantações onde são feitas pulverizações ou fumigações com herbicidas, fungicidas ou inseticidas, recomenda-se não utiliza-las. Igualmente deverão ser evitas beiradas ou barrancos em ruas muito movimentadas. Os automóveis liberam metais pesados, combustíveis e lubrificantes, e muitas dessas substâncias tóxicas podem ser absorvidas e concentradas pelas plantas.

2. Ao nos encontrarmos fora do contato com a “civilização”, a solução é provar a planta. Não se deve ingerir grandes quantidades e sim porções pequenas. Deixar passar de 2 a 3 horas, se não houver retorcimentos intestinais, dor ou peso no estômago, diarréia ou outros sintomas, pode-se passar a ingerir doses gradualmente maiores. Fazê-lo com uma única espécie de planta por dia, pois com mais de uma espécie será muito difícil determinar quais são as comestíveis e quais as indigestas. Esse era o método que utilizavam os aborígines quando se deparavam com novos alimentos.

3. Ainda que se tenha fome, não comer porções excessivamente volumosas. Se as indigestões ocorrem quando se ingerem grandes porções de uma fruta ou de uma verdura cultivadas, com mais razões podem ocorrer com plantas silvestres que, em alguns casos, são mais difíceis de digerir. Deve-se tratar de variar a dieta, como fazem os pássaros. Ainda que disponham de alimento em abundância, levantam vôo antes de encher a barriga, para diversificar sua dieta.

4. Alguns solos podem conter elementos químicos tóxicos como, por exemplo, o selênio, cobre, cádmio ou nitratos provenientes do uso excessivo de fertilizantes. As plantas (tanto silvestres como cultivadas) podem concentrar estes elementos ou substâncias e serem tóxicas ou, pelo menos, indigestas. Por tal razão, perante sintomas digestivos incomuns deve-se suspender a ingestão de plantas silvestres.

5. Como medida preventiva, recomendamos não recolher nem comer plantas silvestres na frente de crianças pequenas. Eles não têm capacidade de reconhecer com precisão as espécies comestíveis e podem, por tanto, intoxicar-se.

Observação final:” lembrem-se que, assim como os cogumelos, todas plantas no Mundo são comestíveis, algumas uma só vez”

LORENZI, H. 2002. Plantas Medicinais do Brasil. Nova Odessa, SP, Ed. Plantarum, 1 ed., 520 p.

LORENZI, H. 2000. Plantas Daninhas do Brasil. Nova Odessa, SP, Ed. Plantarum, 3 ed., 615 p.

PRIMAVESI, A. 1997. Agroecologia, Ecosfera, Tecnosfera e Agricultura. São Paulo, Ed. Nobel, 199 p.

RAPOPORT, E.; LADIO, A.H. & SANZ, E. 1999. Plantas Comestibles – De la Patagonia Andina – Parte 1. Ed. Imaginaria, Bariloche

ZURILO, C. & BRANDÃO, M. 1989. As Ervas Comestíveis. São Paulo, Globo, 167p.

“Toni Backes – Paisagismo”

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